Vídeo Cartas Tapajós

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Indigenous youth correspond through video letters >>

The following videos were produced by indigenous youth from different villages in the Tapajós-Arapiuns and Planalto region (Amazon, Brazil). I was the creator, coordinator and teacher in this educational project that involved experimentation with documentary, animation and fiction genres using accessible equipment, such as cell phones. The mission was to introduce audiovisual equipment and film techniques (screenplay, filming and editing) with the aim of strengthening the culture, fight and autonomy of the indigenous voice.

Project selected by the Aldir Blanc Pará Law 2020.

PORTUGUÊS

Jovens indígenas se correspondem através de vídeo-cartas >> Projeto de formação audiovisual nas aldeias da região Tapajós-Arapiuns e Planalto (Amazônia, Brasil).

Os vídeos a seguir foram produzidos pelos próprios indígenas. Fui idealizadora, coordenadora e edu-comunicadora neste processo educativo que envolveu a experimentação com os gêneros documental e ficcional a partir de equipamentos acessíveis, como celulares. A missão foi apresentar os equipamentos e técnicas do audiovisual (roteiro, filmagem e edição) com o objetivo de fortalecer a cultura, a luta e a autonomia da voz indígena.

Projeto selecionado pelo Edital de Audiovisual – Lei Aldir Blanc Pará 2020.

https://www.instagram.com/video_cartas_tapajos/
https://www.youtube.com/channel/UCAIZ_ZL0Y05qquerd08K3YA

Imaginem a cena: um isopor chegando na carona de um barco trazendo um HD repleto de filmes produzidos por outra aldeia. Esse foi um dos momentos marcantes durante a jornada Vídeo Cartas Tapajós-Arapiuns. Teria sido infinitamente mais fácil (e glamuroso) ter feito um filme. Mas não. Decidimos ir pelo caminho mais difícil: realizar oficinas e intercâmbio de cinema nas aldeias e passar os equipamentos para que os próprios indígenas possam fazer seus filmes com autonomia e continuidade. E depois de muito pensar cheguei à conclusão de que não poderia ter sido diferente. A disputa narrativa é um tema sensível para a sociedade brasileira em geral, e ainda mais quando se trata de povos tradicionalmente perseguidos, silenciados e invisibilizados. Nos dias de hoje, onde a comunicação digital já não é mais apenas um instrumento ou meio, mas a própria arena de disputas de poder, enxergo como nunca a alfabetização audiovisual como um direito básico e fundamental para a garantia dos direitos humanos, ambientais e culturais.  Como artista e diretora de cinema diversas vezes me questionei sobre fazer um filme sobre a realidade indígena: Afinal, qual o sentido de construir qualquer narrativa de fora pra dentro? De cima para baixo? Por mais lúcida que seja a minha interpretação sobre os fatos, não seria isso uma outra forma de colonização, de exploração (desta vez simbólica)? No que isso de verdade iria impactar a realidade local das comunidades indígenas? Na antropologia visual de Jean Rouch aprendi a compartilhar a autoria dos filmes com os protagonistas. Um exercício bem desafiador para a maioria dxs diretorxs de cinema. A máxima é: eles produzirem um cinema sobre eles, para eles (e não nós produzirmos um cinema sobre eles para nós). Jean Rouch me ajudou a enxergar o caminho que fazia sentido naquele momento e assim foi. Nada fácil. Talvez o projeto mais desafiador da minha vida. Na live de lançamento fiquei feliz em saber que os equipamentos doados foram usados durante a Marcha Nacional das Mulheres Indígenas e Acampamento Terra Livre. E além do acervo incrível de filmes produzidos por eles estarem online, agora sabemos que além de saber FAZER cinema, os jovens indígenas agora sabem VER MELHOR os filmes, interpretar matérias e notícias com melhor discernimento e consciência. E talvez isso não seja o menos importante. Espero que esse projeto ajude a inspirar novas ações de formação nas comunidades indígenas, e espero que ele contribua para um audiovisual mais representativo, inclusivo e democrático.

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